por Murilo Rocha - Jornalista
A bola está na marca do pênalti. Sua sorte será decidida em uma fração de segundo. O atacante tem diante dele o goleiro, o gol – 7,32 m x 2,44 m – e inúmeras possibilidades (no canto superior direito, rasteiro no canto esquerdo, cavadinha no meio...). Para o goleiro, cabem três destinos: acertar o canto, torcer para a pelota beijar a trave ou se perder mundo afora. Ao repórter fotográfico, há uma única chance. Há de reunir todo esse universo e suas variáveis em um só instante, em um só quadro. Sua vitória solitária (pode implicar na derrota da maioria) dependerá de técnica, sensibilidade e sorte. O fotógrafo esportivo, assim como o craque no futebol, antevê o lance. Pensa antes da maioria, mas, ciente da limitação dos pés, prefere enquadrar a bola, o drible, a defesa através do disparo rápido do dedo. Como reza a lei dos boleiros, joga (fotografa) melhor quem lê melhor o jogo. E mesmo quando a partida é ruim, o bom fotógrafo arranca nosso olhar da monotonia e nos direciona para a lágrima do menino na arquibanca, para o desespero do banco de reserva ou para a bela bandeirinha escondida ali na lateral do campo. Sem o olho sensível e impiedoso do repórter fotográfico, não teríamos heróis e vilões a cada novo embate, os craques seriam menos craques, aquele bloqueio seria menos acachapante, as alegrias e as tristezas seriam menos intensas. O esporte seria mais sem graça. Nada teria a pretensão da eternidade.
Sobre o fotógrafo:
Douglas Magno de Oliveira Martins
Natural de Mateus Leme MG, formado em Publicidade e Propaganda, atualmente trabalha para a Sempre Editora, produzindo fotos para os jornais (O Tempo, Super e Pampulha).
Colabora com a Agence France-Presse (AFP), uma das maiores agências de notícias do mundo. Têm seus trabalhos publicados em vários veículos, Nacionais e Internacionais.
Participou de coberturas como: Copa do Mundo FIFA 2014 (Brasil), Copa das Confederações FIFA 2013 (Brasil), Mundial de Clubes FIFA 2013 (Marrocos), Copa América 2015 (Chile), Mundial de Vôlei FIVB 2013 e 2014 (Brasil).
Em 2014, ganhou o Prêmio SIP Jornalismo em Profundidade, juntamente com o jornalista Rodrigo Freitas, pela série de reportagens “A transposição do descaso e do abandono no sertão”. A série de reportagens denuncia o desperdício do dinheiro público e sua contrapartida, o desamparo de milhares de moradores do Nordeste do Brasil. As obras relacionadas com a transposição das águas do rio São Francisco estão com mais de dois anos de atraso, e foram gastos pelo menos 3,5 milhões de reais além do previsto.
Foto: João Godinho